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Estiagem, tarifaço e um novembro difícil para as exportações gaúchas

  • Foto do escritor: IGOR VIEIRA
    IGOR VIEIRA
  • 9 de dez.
  • 3 min de leitura
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Mesmo com a força do agro, cenário de 2025 acende alerta no setor


Queda geral nas exportações e o peso da estiagem

Novembro de 2025 veio acompanhado de números pouco animadores para as exportações do Rio Grande do Sul.


A Farsul divulgou que o Estado vendeu ao exterior 22% menos em valor e 20% menos em volume na comparação com novembro de 2024.


Foram US$ 1,31 bilhão exportados contra US$ 1,69 bilhão no ano anterior. No total embarcado, a diferença também foi grande: 1,92 milhão de toneladas, ante 2,4 milhões no mesmo período de 2024.


O principal fator dessa retração foi a queda na oferta de soja em grão, reflexo direto da estiagem que castigou lavouras e reduziu a capacidade de embarque do produto.


Mesmo assim, o agro continuou sustentando a balança comercial gaúcha: 71% do valor exportado no mês veio do setor, que também respondeu por 88% do volume enviado ao exterior.


No acumulado de janeiro a novembro, as exportações somaram US$ 13,6 bilhões, queda de 4,1% frente ao ano anterior.



Tarifaço dos EUA agrava perdas e atinge quase todos os grupos

Outro ponto sensível para novembro foi o impacto contínuo da guerra comercial com os Estados Unidos. O aumento de tarifas aplicado pelo país segue pressionando diferentes cadeias do agro gaúcho. Os números mostram quedas profundas:

  • Carne bovina in natura: queda de 100%

  • Carne bovina industrializada: −52% em valor e −62% em volume

  • Couros e peles: retrações entre 53% e 73%

  • Fumo e derivados: −56% em valor e −40% em volume

  • Pescados: −72% em valor

  • Produtos apícolas: −63%

  • Madeira serrada: −54% em valor

No conjunto, a queda foi de 60% em valor e 43% em volume para os produtos que enfrentam barreiras nos EUA.



Soja lidera a queda, mas outros setores também encolheram

A soja foi o principal motivo para a retração no mês, mas não esteve sozinha. Várias cadeias enfrentaram redução nas vendas, embora algumas tenham conseguido recuperar espaço em mercados alternativos.


No grupo das carnes, a única categoria com crescimento foi a carne bovina, impulsionada principalmente pelas compras da China, além de aumentos para Rússia e Índia.


O mercado americano ainda segue fechado, mas parte das perdas foi compensada com embarques para México e Canadá. Já o bovino vivo teve forte desempenho, com 97% das vendas destinadas à Turquia.



Arroz e fumo sofrem retração, enquanto o trigo surpreende

Outro setor pressionado é o do arroz, que encerrou novembro com queda de 43% no valor exportado, mas praticamente manteve o volume (-2%). Para 2026, o sinal é de margens apertadas.


Na contramão, o trigo trouxe um respiro, com exportações de US$ 21 milhões, algo relevante considerando que não houve embarques do cereal em novembro de 2024.


O fumo também registrou um recuo expressivo: queda de 20% em valor, embora o volume tenha caído apenas 1%. A perda mais sentida veio da ausência total de exportações ao Egito, que no ano anterior havia comprado mais de 15 mil toneladas.


Isso resultou num rombo de US$ 107,3 milhões. Houve queda também nas vendas para a China, suavizada pelo bom desempenho do mercado europeu.



Principais destinos e desempenho regional

A Ásia (excluindo Oriente Médio) manteve a liderança como principal destino do agro gaúcho, somando US$ 746 milhões e 1,36 milhão de toneladas. Na sequência aparecem:

  • Europa: US$ 287 milhões (sendo US$ 199 milhões para a União Europeia)

  • América do Sul: US$ 86 milhões


Entre os países compradores, a China segue dominante, com US$ 436 milhões e 33% de participação no valor exportado. Em seguida vêm Indonésia (5,8%), Bélgica (4%), Coreia do Sul (3,9%) e Turquia (3,7%).



Análise final — o que os números mostram

O que ficou mais evidente nesses dados é que o agro gaúcho está sendo pressionado por todos os lados: clima, logística e política internacional.


Enquanto o agro Brasileiro discute pautas energéticas, desenvolvimento da IA na agricultura e outros temas que fomentam o desenvolvimento do setor, o agro gaúcho ainda se revira por securitização e gritos por custos de produção reduzidos, que não são ouvidos pelos governos.


A soja sentiu forte, e isso puxa todo o resto. O tarifaço dos EUA, então, só reforça o peso de depender demais de um único mercado. Holofotes voltados para APEX e as entidades que fomentam a exportação e seu papel em orientar o produtor não somente da necessidade de exportar, mas como pode fazer isso.


Por outro lado, ver a carne bovina abrir espaço em novos destinos e o trigo voltar a aparecer mostra que o setor segue encontrando brechas para respirar.


No fim das contas, esses números me passam a impressão de um agro gaúcho resistente, mas que precisa diversificar mercados ainda mais para não ficar tão exposto a choques externos como os que vimos este ano e achar maneiras de acompanhar o ritmo do pujante agro Brasileiro após romper as amarras do endividamento.

Fonte: Assessoria de comunicação FARSUL


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